REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Mc 13,24-32 - 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

O nosso domingo de hoje é um domingo especial, porque ele nos prepara para o fim do Ano Litúrgico, o ano de 2012 da Igreja, que ao contrário do ano civil, termina no domingo próximo com a festa de Cristo Rei. Por isso, ele foi escrito no estilo apocalíptico, o mesmo estilo em que São João escreveu o Apocalípse, o último livro da Bíblia...

-ESTILO APOCALÍPTICO: - O estilo apocalíptico é um gênero literário (uma maneira de escrever) que floresceu entre os anos 200 a.C. e 100 d.C. O escritor faz uso da sua fantasia de maneira exuberante, por isso a leitura passa a ser muito arrebatada e atraente – digamos trepidante. Para impressionar, o escritor descreve catástrofes que acontecem na natureza. Assim, vemos trechos como estes no Apocalipse de São João: “Um sinal grandioso apareceu no céu...”

“Sua cauda (a cauda do dragão) arrastava um terço das estrelas do céu...”

Não se pode tomar os versículos acima no sentido literal, as palavras não podem ser entendidas no seu sentido próprio, mas é preciso ver, no meio dessa maneira impressionante de se expressar, qual a mensagem que o escritor quer transmitir. Se pegar as frases no sentido literal, o leitor ficará arrebatado pelos cataclismos, inteiramente alienado da mensagem que o escritor sagrado quer transmitir. Infelizmente, para atrair audiência, o estratagema dos filmes é carregar nas tintas sombrias das hecatombes, ocultando inteiramente a mensagem bíblica de Deus. Um exemplo típico é o do Apocalipse de São João, que a mídia apresenta como se ele estivesse descrevendo o FIM DO MUNDO, quando o que Deus quer transmitir é o fortalecimento das igrejas primitivas existentes, no intervalo de duas grandes perseguições religiosas.

-“Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. Ele enviará...”

Essa é uma maneira solene e apocalíptica de falar da segunda vinda de Jesus, que acontece depois da nossa morte, que no caso do apocalipse de São João seria na ocasião eminente da segunda perseguição que se aproximava. Na segunda vinda, Ele não virá mais na fragilidade de sua natureza humana, como “Filho do Homem”, mas em sua majestade divina de juiz. As “nuvens”, essas são sempre usadas na Bíblia nas teofanias (aparições de Deus) como no Monte Sinai, na entrega das tábuas de pedra e são um recurso literário para dar solenidade ao fato.

-O “FILHO DO HOMEM” -  Jesus se chamou, várias vezes, de “Filho do Homem”, isto é, o Deus que quis nascer de um ser humano. É um apelido que Ele botava em si quando queria significar “o homem frágil”, aquele que, como qualquer homem, sentia as dores e tudo o que sofre a humanidade. A expressão não é original dele: Daniel já a usa na Bíblia. Nessa passagem, o Apocalipse vem mostrar a mudança de Jesus, que se desveste do homem frágil para o Juiz supremo da humanidade.
-“Aprendei, pois, da figueira esta parábola.”  -

A figueira era e é uma árvore muito cultivada na Palestina. Com bastante água e adubo, ela viceja mesmo em terreno fraco e pedregoso. Pode dar muitos frutos  e chegar a dez metros de altura. 

Elas reverdeciam como reverdecem os nossos cajueiros e as nossas mangueiras no mês de setembro, em pleno verão. Daí o versículo: “quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto.” O escritor sagrado quer que as pessoas vejam que o fato está para acontecer e vejam essa aproximação nos fatos que estão acontecendo.

-“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.”

Essa frase não significa que acabará o céu e a terra, mas, embora o céu e a terra se acabem, suas palavras não passarão e devem ser acreditadas com mais certeza que a deflagração do céu e da terra.

-REFLEXÃO CENTRAL:

Os cataclismos, as estrelas caindo do céu são muito bem-vindos no momento para dar uma sacudidela no nosso acomodado cristianismo, um “cristianismo bem-comportado”, um cristianismo passivo, muito litúrgico e cheio de cerimoniais e efervescência nas igrejas, mas de pouca transformação na sociedade. As drogas continuam em plena efervescência, com o fornecimento e distribuição por parte dos poderosos e consumo pelos pequenos, graças à ignorância dos nossos jovens e à falência de nossas famílias. Por causa da nossa inércia, ela está se bandeando para uma violência estarrecedora.

Por Francisco Valmir Rocha - Animação Bíblica de Camocim/CE

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